Dri Camillo

30/07/2023

Poesias

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MARIA,CARNAVAL E CINZAS

(Roberto Carlos)

Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no carnaval
E não lhe chamaram assim como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Seria Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de amor
Não era noite, não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba, viva Maria
Quem sabe, a sorte lhe sorriria
E um dia viria de porta-estandarte
Sambando com arte, puxando cordões
E em plena folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um carnaval
Que fosse chamada então como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Em vez de Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria de porta-estandarteSambando com arte, puxando cordões
E em plena folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um carnaval
Que fosse chamada então como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Em vez de Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria de porta-estandarte
Sambando com arte, puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de seus foliões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de seus foliões
Maria, Maria, Maria

Sambando com arte, puxando cordões
E em plena folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta-feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um carnaval
Que fosse chamada então como tantas
Marias de santas, Marias de flor
Em vez de Maria, Maria somente
Maria semente de samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria de porta-estandarte
Sambando com arte, puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de seus foliões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos de seus foliões
Maria, Maria, Maria

29/01/2023

Poesias

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Nós, todos negros brasileiros…

(José do Patrocínio)

Poetas, jornalistas, educadores, formadores de opinião. Quem somos? Quem está nessa luta? Ainda.

Não tenho pele negra, mas tenho numa pele a alma dos injustiçados, aviltados, depreciados, desmerecidos e sofridos, dentro de mim. Por isso, talvez, não seja de leveza constatável, apreciável e saboreável, como são as frutas leves da estação.

Tenho as dores de muitos em mim.

Não somos negros.

Somos brasileiros.

Não tenho a pele negra. Por quê? Não interessa. Meu avô paterno tinha. Meu avô materno não tinha.

Dane-se isso.

Sou negra. Sou brasileira.

01/11/2022

Poesias

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LISBOA TEM TERREMOTO…

(Vinicius de Moraes)

Rio de Janeiro , 2004

Lisboa tem terremoto 
Porém, em compensação 
Tem muitas cores no céu 
Muitos amores no chão 
Tem, numa casa pequena 
O poeta Alexandre O’Neill 
E a bela Karla morena 
Na embaixada do Brasil 
Aymé! o mote repete 
Lisboa tem terremoto 
Mas tem o Nuno Calvet 
Para lhe fazer cada foto! 
É, eu sei – retruca o mote 
Que não me deixa mentir 
Lisboa tem terremoto 
Não deve nada a Agadir 
Mas, já que estamos nos sismos 
Capazes de destruir 
Tem o ator Nicolau Breynes 
Pra gente morrer… de rir 
Tem David, irmão de Jayme 
E Jayme, irmão de David 
Não fossem os Mourão Ferreira 
E eu nunca estaria aqui. 
Pois é, o mote reclama 
Lisboa tem terremoto 
Mas tem o fato da Alfama 
Tem o sapato do Otto 
(Sapato, claro, é maneira 
Carinhosa de dizer 
Pois fosse o Otto sapato 
Eu também queria ser) 
E o Otto tem sua Helena 
E Helena, seu broto em flor 
A nena Helena Cristina 
(Ou Maria-Pão-de- Queijo) 
De quem eu sou cantador. 
Em matéria de Cristinas 
Só temos saldo a favor! 
Mas, alto! me grita o mote 
Mote-mote, mote-moto 
Deixe de tanto fricote 
Lisboa tem terremoto! 
E você? Parta-o um raio! 
Terremoto… é natural 
Mas e a Terezinha Amayo 
E a Laurinha Soveral 
E essa coisa pequenina 
De quem todo mundo gosta 
A sempre altiva menina 
Que se chama Beatriz Costa? 
E Amália, a grande, a divina 
Que é de Portugal a voz 
Ela também quando cisma 
Não faz tremer todos nós? 
E está tudo bem, meu velho 
És de Lisboa um devoto 
Mas pergunta do Antonio Aurélio 
Que é arquiteto e tem teto 
Lisboa tem terremoto! 
Mas tem, em contrapartida 
O Antônio […] da Câmara 
Pra lhe contar outra história 
Um bom amigo, que em vida 
Soube conquistar a glória. 
E a Glória tem Terezinha 
E tem Wandinha que é um amor 
Quem teve brotinhos assim 
Não tem medo do tremor. 
E tem o Raul Solnado 
Que eu acho um senhor ator 
Quem tem atores assim 
Não tem medo de tremor. 

– Lisboa tem terremoto 
Geme o mote, ao expirar 
– Faz figa! Faz figa, Otto! 
Terremoto? Sai, azar!

12/10/2022

Poesias

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“Quand la mort est si belle,
Il est doux de mourir ” (V.Hugo)
…..
“Amemos! quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!

Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!

E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!”

Álvares de Azevedo

03/10/2022

Poesias

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O CADERNO

(Toquinho)

Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco até o bê-a-bá
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel

Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Sofrer também nas provas bimestrais
Junto a você
Serei sempre seu confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel

Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel

O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer?
Só peço a você um favor, se puder
Não me esqueça num canto qualquer.

28/08/2022

Poesias

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HUMILDADE

de Hermes Fontes

Rolar… girar… O Mundo rola e gira
constantemente, em torno de seu eixo.
Rolam astros e tempos… Eu me deixo
rolar, também, sem ambição nem mira.

Cantem outros de amor ou rujam de ira.
Eu não canto, nem rujo… nem me queixo…
e vou, mágoas a fora, como um seixo
vai, rio abaixo, na água, que suspira.

Vai, rio abaixo, na água: e a água o converte
em gota, seixo líquido… E, antes isso
do que ser pedra grande – bruta e inerte!

Antes ser livre seixo, à correnteza,
que ser bloco de mármore… ao serviço
de Sua Majestade ou Sua Alteza…

20/08/2022

Poesias

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ANINHA E SUAS PEDRAS

(Cora Coralina)

Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

08/08/2022

Poesias

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DIA DOS BANDEIRANTES

(Guilherme de Almeida (1890-1969)

Paulista, para um só instante
Dos teus quatro séculos ante
A tua terra sem fronteiras,
O teu São Paulo das “bandeiras”!
Deixa atrás o presente:
Olha o passado à frente!
Vem com Martim Afonso a São Vicente!
Galga a Serra do Mar! Além, lá no alto,
Bartira sonha sossegadamente
Na sua rede virgem do Planalto.
Espreita-a entre a folhagem de esmeralda;
Beija-lhe a Cruz de Estrelas da grinalda!
Agora, escuta! Aí vem, moendo o cascalho,
Botas-de-nove-léguas, João Ramalho.
Serra acima, dos baixos da restinga,
Vem subindo a roupeta
De Nóbrega e de Anchieta.
Contempla os Campos de Piratininga!
Este é o Colégio. Adiante está o sertão.
Vai! Segue a entrada! Enfrenta!
Avança! Investe!
Norte – Sul – Este – Oeste,
Em “bandeira” ou “monção”,
Doma os índios bravios.
Rompe a selva, abre minas, vara rios;
No leito da jazida
Acorda a pedraria adormecida;
Retorce os braços rijos
E tira o ouro dos seus esconderijos!
Bateia, escorre a ganga,
Lavra, planta, povoa.
Depois volta à garoa!
E adivinha através dessa cortina,
Na tardinha enfeitada de miçanga,
A sagrada Colina
Ao Grito do Ipiranga!
Entreabre agora os véus!
Do cafezal, Senhor dos Horizontes,
Verás fluir por plainos, vales, montes,
Usinas, gares, silos, cais, arranha-céus!

07/08/2022

Poesias

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TREM DAS CORES

(Caetano Veloso)

A franja da encosta cor de laranja, capim rosa chá
O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra, a prata do trem
A Lua e a estrela, anel de turquesa

Os átomos todos dançam, madruga, reluz neblina
Crianças cor de romã entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo ficando, pra trás da manhã
E a seda azul do papel que envolve a maçã

As casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios
Ou pra ser exato, lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores, sábios projetos: Tocar na central
E o céu de um azul, celeste celestial!

02/08/2022

Poesias

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MEU TEMPERO É SAL

(Moacyr Luz e Aldir Blanc)

Sou macaco velho
Manjo de cumbuca
Eis o meu tempero
Como mestre cuca:

Pouco açafrão
Pimenta um anda
Nem estragão
Nem noz-moscada
Meu tempero é sal!

Dendê, “tantim”
Sálvia, a lembrança
Do alecrim, só a “nuança”:
Meu tempero é sal!

Páprica penso e não ponho
Gengibre eu tenho e não boto
O louro eu tiro na hora agá
A salsa ia mas sai
A erva-doce acabou
O cravo eu cismo e não vai
– Abuso do que não vou por!

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